1920 - Barbaros & Barbaridades - Discurso no Parlamento austríaco

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1920 - Barbaros & Barbaridades - Discurso no Parlamento austríaco
Doboj

O discurso pronunciado no Parlamento austriaco pelo deputado iugo-slavo Tresic-SAvisic, cuja primeira parte demos aos leitores no numero passado, é de tal maneira impressionante e attesta tão bem a monstruosidade tudesca que não nos pudemos furtar ao desejo de o tornar conhecido dos nossosleitores, dando-lhes hoje a conclusão desse formidavel libello.

Depois de tratar do supplicio ds refens, o deputado jugo-slavo continua:

Uma Necropole de Innocentes

"Em Doboj ainda foi peior. Os suburbios dessa cidade são a maior necropole das innocentes victimas daquelle periodo aterrorizante. Ahi chegou, a 27 de dezembro de 1915, o primeiro combio de prisioneiros servios e montenegrinos, acompanhados por muitos bosnios e herzegovinios que foram obrigados a abandonar as suas casas, situadas nas proximidades da fronteira. Todos, mulheres, velhos, crianças foram obrigados a viajar em carros de animaes, expostos á neve, á chuva, aos ventos, á fome e á sede. Mas tudo isto é nada em comparação á contigencia em que se achavam de fazer todas as suas necessidades nos propicios vagões: as senhoras á vista dos homens e vice-versa. 

Toda esta ente foi encerrada em barracas que até então haviam servido de hospitaes para os cavallos e que se achavam contaminadas de todas as molestias imagináveis, não tendo soffrido o menor expurgo. Em breve começou a grasar a sarna, o typho, a variola e o cholera. Tudo era infecto, por tal maneira, que os guardas foram tomados de píedade: ordenaram ás mulheres que se despissem completamente, divertindo-se em raspar-lhes os cabellos e as partes do corpo, apezar dos gritos e do pranto das victimas. Depois untaram-lhes os membros com uma especie de unguento, radicalmente - tanto lhes condoia a immundicie das desgraçadas.

Dado que uma circular reservada do Commando militar de Serajevo dava instrucções para que fosse adoptados, em relação aos detidos, os emios mais severos e draconianos, nada foi esquecido pelos guardas no sentido de despachar, o mais possivel, para o outro mundo todos aquelles infelizes. Como meio mais efficaz e, ao mesmo tempo, mais commodo, recorreu-se á fome. As mulheres com quatro ou cinco filhos era dado um pão militar de cinco em cinco dias. Nem uma tigella lhes era dada, sendo todos obrigados a tomar os alimentos em repugnantes latas de conservas. E que especie de alimento!

Quando o médico, Dr. Geber, vio a sopa que lhes era dada, mandou despejar o conteúdo de duas ou tres destas vasilhas para examinar qual era, acrescentando que com tal liquido não permitia siquer que fossem lavados os seus sapatos. As crianças, em prantos pediam pão ás mães e estas só lhes podiam dar lagrimas. Muitas vezes succedeu que a mãe já estivesse e que o filho a chamasse para lhe dar pão. De começo morriam de 15 a 20 desses detidos por dia. No dia 15 de Abril de 1916 morreram 92. 

Os cadaveres eram transportados empilhados em carroças atravéz das ruas de Doboj, por entre o horror dos habitantes. Segundo o calculo de pessoa que merece fé, ahi pereceram 8.000 innocentes. Eu poderia citar innumeras testemunhas oculares dos horrores de Doboj. Limito-me a declinar o nome do padre Slavko Trininic.