1918 - O Médico Arnaldo Vieira de Carvalho com colegas professores e alunos

O Médico Arnaldo Vieira de Carvalho com colegas professores e alunos em foto de 1918

1918 - O Médico Arnaldo Vieira de Carvalho com colegas professores e alunos
1918 - O Médico Arnaldo Vieira de Carvalho, diretor da Faculdade de Medicina (4º sentado), em meio a outros professores e estudantes, na Enfermaria da Santa Casa, 1918.

Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho (Campinas, 5 de janeiro de 1867 — São Paulo, 5 de junho de 1920) foi um pioneiro médico brasileiro.

Fundador da Faculdade de Medicina de São Paulo, Arnaldo teve papel de destaque no desenvolvimento da Medicina em São Paulo no final do século XIX e início do século XX, em um momento delicado da saúde pública brasileira. Esteve também envolvido na administração do Instituto Vacinogênico, na fundação da Sociedade de Medicina e Cirurgia e na criação do Instituto do Câncer. Foi também um dos fundadores da Sociedade de Cultura Artística em 1912, tendo sido seu presidente entre 1912 e 1920.

Arnaldo nasceu na cidade de Campinas, no interior paulista, em 1867, conhecida na época como a “Cidade das Andorinhas”. Filho mais velho entre os seis filhos de Carolina Xavier Vieira de Carvalho (1841-1899) e de Joaquim José Vieira de Carvalho (1841-1899), ambos naturais de Santos, onde se casaram. Seu pai fora um renomado advogado, formado pela Faculdade de Direito de São Paulo que ocupou vários cargos na administração pública. Foi vereador por Santos, deputado do Império quando morava em Campinas e vice-presidente da Província de São Paulo em 1887. Com a chegada da República, foi senador estadual em 1891. Joaquim também foi professor na faculdade de direito em várias disciplinas.

Não havia faculdade de medicina em São Paulo nessa época, então Arnaldo foi para o Rio de Janeiro para estudar na Faculdade Nacional de Medicina, de onde se diplomou em 1888. Ao retornar a São Paulo, estabeleceu-se na Rua Ipiranga nº 18 (hoje a Avenida Ipiranga). A República acabara de ser proclamada e ideais de higiene e sanitarismo começaram a ganhar destaque na administração pública. O estado de São Paulo empenhava-se em implantar instituições capazes de desenvolver o estado.

Segundo a historiadora Pietra Diwan, Arnaldo foi um dos médicos mais entusiastas do movimento da eugenia, termo criado por Francis Galton (1822-1911), que a definiu como o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações, seja física ou mentalmente. Não se deve tomar o termo eugenia na acepção que a tornou mais conhecida, isto é, como uma política racista. A rigor, tratava-se, antes, de contribuir, pelo higienismo e pelas campanhas de vacinação (Arnaldo esteve à frente do Instituto Vacinogênico), para o fortalecimento das populações diante da doença e das condições adversas de alimentação, moradia, clima, etc. Arnaldo participou dos quadros da Sociedade Eugênica de São Paulo, fundada em 1918, da qual também fez parte, entre outros expoentes da intelectualidade nacional, o médico Francisco Franco da Rocha (1864-1933).

A referida Sociedade Eugênica, a primeira do gênero na América Latina, deve sua fundação ao empenho pessoal do médico e eugenista Renato Ferraz Kehl, figura emblemática no movimento eugênico brasileiro, responsável por lançar a ideia de uma entidade voltada ao estudo e divulgação da ciência eugênica, mobilizando, para tal, importantes intelectuais como o Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, prestigiado com a Presidência da entidade; a Sociedade Eugênica de São Paulo contava ainda com três presidentes honorários: os médicos, A. de Sousa Lima, Amâncio de Carvalho e Belisário Penna.

Morte

Arnaldo morreu em 5 de junho de 1920, na capital paulista, aos 53 anos, em decorrência de uma infecção contraída em uma cirurgia realizada na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, quando ele cortou a mão com um bisturi.[4] A Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo decretou luto por 8 dias, bem como a Sociedade de Medicina e Cirurgia. Coroas de flores e homenagens foram enviadas pelo então prefeito de São Paulo, Firmiano de Morais Pinto e pelo vice-presidente em exercício da Câmara Municipal de Santos, Arnaldo de Aguiar.